Sexta Feira Santa, de Março de 2008
Semana Santa em São Miguel de Palhacana
Inserida no âmbito das celebrações da Semana Santa, realizou-se, em Ribafria, o Sermão da Paixão. Pela primeira vez, a Procissão do Enterro do Senhor, também chamada Procissão do Senhor Morto, teve lugar na noite da Sexta-Feira Santa e constituiu uma demonstração de religiosidade marcada pela sua solenidade e simbolismo.
Organizada pela Paróquia de São Miguel de Palhacana (freguesias de Pereiro de Palhacana e Ribafria), o cortejo decorreu num ambiente pesado e solene. Os fatos de carregado luto, as cores dominantes – o preto e o roxo – as alfaias e paramentos utilizados envolveram quem participou e quem assistiu. Prosseguiu sempre debaixo do maior silêncio, apenas cortado em vários locais do percurso onde se ouviram cânticos alusivos executados por um pequeno grupo de mulheres vestidas de preto. Depois do auto do descimento, representado pelo Grupo de Jovens, a procissão saiu da igreja paroquial de São Miguel de Palhacana em direcção à igreja de Ribafria.
A marcar o andamento da procissão iam as matracas - objectos que se utilizam nos dias anteriores à Páscoa (de quinta a domingo) para substituir o sino, que em sinal de luto não toca. Abrindo o cortejo ia a cruz com uma toalha, onde Cristo foi descido. Depois a confraria da Cruz Nova e de N.ª Sr.ª dos Prazeres da Aldeia Galega e a Irmandade de Santa Cruz e Passos de Nosso Senhor Jesus Cristo de Alenquer, em duas alas com os archotes. A destacar-se na escuridão da noite, o ruído soturno das matracas e o bater compassado das suas varas no chão ao ritmo do andar vagaroso. Seguiu-se o Santo Sudário - que representa a mortalha de Cristo, um pano de linho com a imagem de Cristo de corpo inteiro - acompanhado pelos anjinhos dos martírios do Senhor. Ouviu-se a voz de Verónica que, nas três paragens que fez, entoou o seu canto e mostrou o pano com o rosto de Cristo. Seguidamente o turíbulo, que perfumava a rua para a passagem do esquife com a imagem do Senhor morto, ladeado com archotes, e logo atrás Nossa Senhora das Dores, no mudo simbolismo da angústia de quem sofre a morte do Filho amado. Chegada a procissão à igreja de Ribafria fez-se a tumulação do Senhor, onde os fiéis permaneceram em silêncio em veneração da imagem do Senhor no sepulcro. Presidiu à procissão o pároco, Padre Rui Louro, acompanhado pelo diácono Alfredo e seguido pelos fiéis.
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