segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Torricado



A gastronomia regional tem uma ligação profunda com a actividade da agricultura. As populações locais sempre foram capazes de fazer verdadeiras iguarias com um punhado de ingredientes. Entre estes pratos um dos mais famosos, sem dúvida, é o "torricado", cuja história explica a sua existência.

Este prato tem a sua origem nos camponeses que tinham de se ausentar de casa por alguns dias, pois nem sempre as suas terras ficavam ao pé das suas residências. Este facto obrigava-os a ter de fazer um "farnel", e como naquela altura era difícil conservar a comida, tinham de levar algo que não se estragasse.Assim, os alimentos eram à base de enchidos e pão, pois enquanto o pão estava mole poderiam ir comendo uma "bucha", mas o pior era quando este ficava duro, e então tinham de pôr em prática a capacidade de improviso. Levavam consigo bacalhau salgado, azeite, alho e sal, para que quando o pão endurecesse, pudessem fazer o "torricado". Faziam uma fogueira com um espeto de paus, abriam o pão a meio, esfregavam-no com alho e punham-no a torrar em cima das brasas; quando este já estava torrado, barravam-no com azeite e polvilhavam-no com sal, em vez de azeite também se pode usar toucinho. Depois era só comer com a posta de bacalhau assado e beber uma pinga de vinho.

Foi assim, da necessidade do homem ter alimento que nasceu o "torricado" com bacalhau assado e outras vezes com carne assada ou sardinhas.


sábado, 1 de novembro de 2008

Pão Por Deus


As duas festas de 1 e 2 de Novembro, dia do "Pão por Deus" e dia de "Finados", assim tradicionalmente conhecidas as festas de "Todos os Santos" e de "Fiéis Defuntos", formam uma unica festa.
Estas celebrações anuais giram à volta de ritos alimentares e de visitas aos cemitérios.




Nas nossas aldeias, as crianças, no dia de Todos os Santos, pedem o Pão por Deus em todas as casas e vão enchendo os seus pequenos sacos com romãs, nozes, figos, peros, maças, pinhões, rebuçados, pãezinhos pequenos ou broas e dinheiro.



Esta tradição mantem-se viva e ainda hoje, neste dia, vêem as crianças a pedir o Pão por Deus logo pela manha.

No dia seguinte, dia de Fiéis defuntos, tocava-se sinais por todos os defuntos, o que infelizmente se perdeu e é costume ir visitar o cemitério de São Miguel em Procissão depois da missa celebrada por todos os fiéis defuntos.




Estas celebrações cíclicas populares comprovam, anualmente, a importância e o significado do culto dos mortos no mundo rural.